quarta-feira, 29 de junho de 2011

Festival de Parintins



Por Susana Barros
Fotos: João Ramid - Abrajet/PA
Durante o mês de junho, a cidade de Parintins - localizada na Ilha Tupinambarana, a aproximadamente 400 quilômetros de Manaus - se transforma para um dos maiores eventos culturais da Região Norte: o Festival Folclórico de Parintins. Realizado desde 1913, começou com a divisão interna das preferências entre a apresentação das suas duas maiores atrações: o do boi Garantido, representado pelas cores vermelho e branco, e a do  Caprichoso, pelo azul e preto.  Atualmente, por se destacar como o maior evento de divulgação da cultura local, atraindo mais de 100 mil de turistas  brasileiros e estrangeiros.
Todos os anos, a disputa do Festival é realizada no último fim de semana do mês de junho. São três dias de disputa intensa entre os bois, enriquecida pela  participação direta da comunidade. Da mesma forma que todo brasileiro tem seu time de preferência, em Parintins, todo habitante tem seu boi do coração. A disputa é no Centro Cultural Amazonino Mendes, mais conhecido como Bumbódromo de Parintins. Em formato de uma cabeça de boi estilizada, tem  capacidade para 35 mil brincantes.
Transformações    
Nesta época do ano, a população da cidade entra em estado de êxtase, provocando algumas  transformações. Para se ter uma idéia, as casas dos mais fanáticos apresentam bandeiras ou  são pintadas de azul ou vermelho, indicando a preferência de quem mora ali. Tudo na cidade, especialmente anúncios de qualquer natureza, são publicados em duas cores. Pra se te uma idéia, patrocinadores a exemplo do Bradesco, que tem logomarca em vermelho, no período do Festival publica logos também em azul. A Coca-Cola principal patrocinadora do evento, entrou no ritmo da Ilha e fabrica uma embalagem especial em azul e  vermelho. Tudo, absolutamente tudo que for comercial, só tem aceitação se apresentado nas cores dos dois bois.
Outro detalhe é que as torcidas são colocadas em lados opostos da grande arena. Cada uma se veste nas cores do seu boi e são obrigadas a permanecer em silêncio quando o concorrente se apresenta, sob pena de perder pontos. Quem torce por um boi, não pronuncia o nome do outro, chamando-o apenas de “contrário”. Assim, mesmo com tamanho envolvimento emocional, durante a apresentação são proibidas vaias, palmas, gritos ou qualquer outra demonstração de expressão, quando o “contrário” se apresenta.
Espetáculo
Impossível não se emocionar com o Festival pelo conjunto de atrativos que oferece: desde a percepção da disputa acirrada, porém saudável entre as torcidas dos dois bois, ao espetáculo em si, resultado da apresentação do Garantido e do Caprichoso. Tudo parece mais um sonho, concretizado pela presença de nuances das cores azul e vermelho, criatividade e muita alegria.  A beleza plástica de cada detalhe parece ser única e mexe com a sensibilidade de qualquer pessoa: desde a coreografia,  figurino das fantasias, às músicas compostas de arranjos com batidas fortes, capazes de sacudir os menos empolgados.
Durante as apresentações a imagem aérea do bumbódromo assemelha-se a um tapete de cor em movimento – intercalado entre azul e vermelho -  resultado das performances feitas pela platéia que também participa, junto com as gigantescas alegorias de cada boi, tecendo um cenário apoteótico. O ponto culminante é a aparição do boi ressuscitado, quando a platéia vai ao delírio. Alguns, até,  às lágrimas.
História
A história  do Festival é vinculada a uma lenda da Região Amazônica.  Em resumo, é mais  ou menos assim: mãe Catirina está grávida e deseja comer uma língua de boi. Para atender seu desejo e com medo de que sua esposa perca o filho, o esposo dela, pai Francisco, mata o boi preferido do dono da fazenda, onde trabalha. Ao descobrir, o fazendeiro manda prendê-lo e pede a um pajé para ressuscitar o boi. O boi renasce e começa a grande festa de comemoração.
Serviço
Como chegar: Por ser uma ilha – de sete mil quilômetros quadrados e cem mil habitantes  - só  há duas formas de chegar a Parintins: de avião depois de uma hora e meia de viagem, saindo de Manaus, ou de barco, após uma viagem que pode durar entre 8 e 24 horas.
Empresas aéreas que fazem o percurso: Este ano a  Gol ofereceu voos, a fim de atender a demanda do Festival, além da Total e da Trip, mas no restante do ano somente as duas últimas operam com voos regulares.
Opção BarcoVárias empresas de barco operam, além de barcos particulares. Todas essas informações podem ser encontradas no Google, uma vez que não há um site oficial com esta finalidade. O tempo de viagem varia de 10 a 24 horas, dependendo do barco. O mais usado é um chamado "Recreio", com capacidade para 150 pessoas e 24 horas para chegar.
Valor ingresso: a arquibancada é grátis. São vendidos apenas cadeiras e camarotes, com valores entre R$ 300,00 e  R$ 30 mil reais, dependendo da capacidade e localização.
Onde Ficar: Existem alguns hotéis e pousadas na Ilha, mas todos ficam lotados para a festa com pelo menos um ano de antecedência. Muitos moradores alugam quartos ou até mesmo a própria casa para os visitantes. Exemplo: uma casa de três quatros com boa localização pode custar até 10 mil pelos três dias de festa. Os quartos ficam em torno de 500,00 a diária. Também alugam apenas espaço para redes, o que pode ser negociado. Tudo é bem improvisado, o que dá um charme especial à festa.